Assim como o câncer de útero e o de mama, a endometriose é um tema que desperta bastante apreensão entre as mulheres. O acompanhamento de um médico, além de diagnosticar a doença, proporciona tratamento adequado para cada caso, o que ajuda a diminuir os sintomas e promove mais qualidade de vida à paciente. 

O que é endometriose?

O Dr. Thiago Borges, cirurgião e coordenador do Serviço Especializado em Endometriose do CHN, explica: “O endométrio é o tecido que envolve o lado interno do útero e sua espessura varia de acordo com as fases do ciclo menstrual. Não havendo fecundação, ele descama e dá origem ao que conhecemos como menstruação. Porém, na gestação, o endométrio desempenha funções essenciais, pois é ele quem abriga e nutre o embrião durante algumas semanas, até que a placenta esteja formada."

Enquanto isso, a endometriose é uma doença inflamatória caracterizada pelo desenvolvimento desse tecido no lado de fora do útero, na parede uterina e em órgãos próximos, como ovários, tubas uterinas, bexiga e até mesmo intestino. 

Sintomas de endometriose: quais são e como identificá-los?

Grande parte dos casos da doença é assintomática, o que dificulta o diagnóstico precoce até mesmo nas mulheres que frequentam o ginecologista regularmente e realizam os exames de rotina, como o ultrassom transvaginal, por exemplo.

Geralmente, o primeiro sintoma de endometriose a ser notado pela paciente é a dor pélvica (comumente chamada de cólica). Além disso, para aquelas que desejam ser mães e são acometidas pela alteração, pode haver dificuldade de engravidar. Confira outros sintomas comuns:

• dor ao urinar ou evacuar;
• dor durante as relações sexuais;
• alterações do hábito intestinal: diarreia ou prisão de ventre;
• dor nas costas durante o período menstrual.

“Diante da presença de algum desses sintomas, a paciente deve ficar alerta para a possibilidade do diagnóstico de endometriose e buscar atendimento especializado", afirma o Dr. Thiago. 

Endometriose no intestino

A endometriose no intestino ocorre quando o endométrio se desenvolve em volta das paredes do órgão. Isso pode causar dor abdominal intensa, dificuldade para evacuar ou diarreia persistente e obstrução intestinal nos últimos estágios de evolução do quadro. 

Endometriose no ovário

A endometriose no ovário apresenta os sintomas comuns e outros, como dor na lombar, por exemplo. Porém, segundo o médico, há grande particularidade com relação ao comprometimento dos óvulos dessas mulheres, já que os endometriomas (lesões causadas pela endometriose no ovário) são normalmente relacionados com infertilidade. 

Como diagnosticar os sintomas da endometriose?

Segundo o Dr. Thiago, o diagnóstico é bastante difícil por conta de seu caráter assintomático. No entanto, em até 70% dos casos, um médico especialista consegue confirmar a presença da alteração por meio da escuta da paciente somada ao exame físico.

A mulher deve informar qualquer alteração que notar, pois esse é o primeiro passo para o início da investigação dos sinais de endometriose. Depois de ouvir o relato da paciente, o profissional poderá solicitar exames como ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal e ressonância magnética de pelve.

“No passado, para diagnosticar a endometriose, era necessário realizar uma cirurgia (videolaparoscopia). Hoje, exames de imagem avançados e especializados detectam até mesmo pequenas lesões", explica o médico. 

Como aliviar os sintomas da endometriose?

Cada paciente tem suas particularidades e, por isso, o tratamento deve ser proposto individualmente, a depender do caso. Uma recomendação geral a todas as mulheres é a mudança dos hábitos de vida.

“Cuidar da alimentação, sempre acompanhada por um nutricionista, auxilia na busca por uma dieta anti-inflamatória e pode ajudar no alívio dos sintomas da endometriose. A prática de atividades físicas e o uso de anticoncepcionais também podem trazer benefícios. Porém, nenhuma dessas abordagens é capaz de fazer as lesões desaparecerem", afirma o Dr. Thiago.

A maioria dos quadros de endometriose costuma ser tratada clinicamente (com medicações). Os mais complexos, porém, podem precisar de cirurgia. 

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