É unânime: a gravidez é um momento único para as mulheres. É claro que a experiência e a subjetividade de gerar uma vida é inexplicável, mas para além disso, o corpo da mulher também encara uma das maiores transformações naturais. São tantas mudanças e peculiaridades do período, que exige que as mães estejam muito informadas sobre tudo que envolve esta nova vivência. Assim como as compras do enxoval, a rotina de pré-natal tem fundamental importância para a saúde da mãe e do bebê. Ela é responsável por prevenir e identificar precocemente patologias que possam comprometer o desenvolvimento saudável da gestação. Nesta matéria, vamos falar um pouco mais sobre as principais patologias cujo acompanhamento médico buscam detectar e tratar.
Doenças comuns na gravidez
Uma vez que o organismo começa a se preparar para realizar todas as funções necessárias para gerar uma vida, as mulheres ficam suscetíveis a diferentes enfermidades. Algumas podem ser mais severas do que outras, como é o caso da pré-eclâmpsia ou a diabetes gestacional. Portanto, é fundamental que as mães estejam muito atentas aos sinais do próprio corpo, e sempre em diálogo com a equipe médica a fim de evitar riscos à gestação, ao bebê e ao próprio corpo. Algumas manifestações como inchaço, enjoos, cólicas, sono e cansaço são bastante comuns no primeiro trimestre. No entanto, esses sintomas combinados com outros sinais, podem ser um alerta. A Dra. Daniela Machado, coordenadora do Setor de Obstetrícia do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), conversou com o blog a respeito da importância do pré-natal e das principais patologias associadas ao período. De acordo com ela, o pré-natal deve ser realizado assim que a gravidez é constatada, “quanto mais cedo melhor".
Anemia ferropriva
Diz respeito à redução da concentração de glóbulos vermelhos no sangue, o que, consequentemente, diminui o nível de ferro no organismo. Essa disfunção acontece porque durante a gestação ocorre um crescimento do volume de líquido no corpo e o sangue acaba se misturando a eles. Trata-se de um aumento que desequilibra o volume do plasma em relação a elementos como os glóbulos vermelhos, o que resulta na anemia. Embora preocupante, esta condição é bastante comum e, portanto, as recomendações médicas costumam dar resultados positivos.
Já em relação aos sintomas, as mães podem observar o surgimento de tontura, fraqueza, dor de cabeça, queda de cabelo, palidez e falta de apetite. Qualquer prolongamento desses indícios, o médico deverá ser consultado.
Doenças cardiovasculares
As doenças cardiovasculares já são consideradas a principal causa de morte não obstétrica em gestantes, de acordo com levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS). Embora atualmente já haja recursos terapêuticos que atendam efetivamente às mães, o surgimento delas ao longo da gestação demanda que a mulher tome cuidados e esteja sempre orientada para evitar o agravamento dos quadros. Pré-eclâmpsia, hipertensão, descompensação de cardiopatias congênitas; descompensação das doenças orovalvares adquiridas, cardiomiopatia periparto; dissecção aórtica e infarto são as patologias cardiovasculares mais frequentes.
Infelizmente, os sintomas são facilmente confundidos com outras manifestações gestacionais, como cansaço, inchaço e palpitações. Logo, os exames de pré-natal possuem um papel importante de resgate do histórico familiar para identificação precoce de possíveis agravos.
Anomalias fetais
A supervisão médica e a realização dos exames são funcionais aos cuidados da saúde da mãe, mas também para os bebês. Anomalias fetais são precocemente identificadas ainda durante a gestação, o que possibilita tanto uma solução corretiva, como uma preparação antecipada de outros cenários. As mais comuns são: Síndrome de Down, Anencefalia; Hidrocefalia; Hérnia Diafragmática; Espinha Bífida; Alterações nos órgãos.
Nestes casos, os exames são decisivos e os únicos capazes de detectar e avaliar as anomalias, já que não há nenhuma indicação sintomática para a mãe.
Diabete mellitus gestacional (DMG)
Diferente do que muitas pessoas acham, a diabetes gestacional não acontece quando a mulher já é diabética, mas, sim,quando a doença se desenvolve no período da gestação. Este quadro é um dos problemas metabólicos mais comuns e atinge 4% das mães, e em geral, surge principalmente em mulheres acima de 25 anos e que tenham histórico familiar. A disfunção é resultado da alta produção de hormônios que prejudicam a ação da insulina nas células. Entre os motivos que desencadeiam essa condição estão a obesidade e o aumento descontrolado do peso ao longo dos nove meses.
O alerta vermelho é que não há sintomas específicos que identifiquem o alto nível de açúcar no sangue, dependendo exclusivamente dos resultados dos exames de sangue de rotina para evitar o agravamento do quadro.
Por fim, a obstetra Dra.Daniella Machado sintetiza:
“Se essa paciente tiver um problema do coração ou for hipertensa, ela vai ser acompanhada por um cardiologista, se ela tiver um problema de tireoide, obesidade ou diabete sazonal, ela vai ser acompanhada por um endocrinologista. Caso ela tenha uma doença do colágeno, como artrite reumatoide ou lúpus, ela terá o reumatologista, para doenças neurológicas, um neurologista. Ou seja, além do obstetra, haverá essas outras especialidades dependendo das comorbidades que ela apresentar ou descobrir ao longo da gravidez, nesse último caso a gente encaminha para os especialistas."