Recentemente, o Epstein-Barr vírus ganhou as manchetes nacionais e gerou debates em torno da relação entre a “doença do beijo" e a esclerose múltipla. A Dra. Marcia Garnica, infectologista do CHN, explica um pouco mais sobre o assunto.
O que é Epstein Barr?
O Epstein-Barr é um vírus pertencente à família dos herpes vírus humano, com presença mundial, e atinge mais de 90% da população com até 30 anos de idade. Esse microrganismo infecta as células brancas (linfócitos), estruturas que participam da imunidade.
“Semelhante aos demais herpes vírus, o EBV tem capacidade de permanecer 'adormecido' por muitos anos e, em situações menos frequentes, pode ser reativado e levar ao desenvolvimento de diferentes alterações, como a mononucleose, popularmente chamada de 'doença do beijo'", explica a médica.
Como ocorre a transmissão da doença do beijo?
O EBV é transmitido por contato íntimo entre uma pessoa suscetível e um portador assintomático. A maioria dos infectados não desenvolve sintomas ou estes são muito brandos, o que propicia a transmissão.
Quando há manifestação clínica, a forma mais comum é a mononucleose infecciosa, que é conhecida como doença do beijo porque a transmissão ocorre pela saliva. Apesar de ser mais frequente entre adolescentes e jovens adultos, também é comum entre crianças em idade escolar devido à exposição a espirros, tosses e eventuais compartilhamentos de objetos pessoais, como talheres e copos.
Segundo a Dra. Márcia, embora a doença seja relacionada popularmente ao beijo, qualquer contato com secreções e saliva pode transmitir o vírus. “A higiene e atenção em não compartilhar copos e utensílios são importantes medidas de prevenção", reforça.
Quais são os sintomas de Epstein Barr?
Nem todo mundo apresenta sintomas ao ser infectado pelo Epstein-Barr e, em alguns casos, os sinais são bastante sutis. Quando presentes, as manifestações mais comuns são:
- Aumento dos gânglios do pescoço (íngua);
- Dor de cabeça;
- Dor e vermelhidão na garganta (amigdalite e faringite);
- Febre;
- Sensação de mal-estar.
Como é feito o diagnóstico?
Ao notar a presença de um ou mais sintomas, a pessoa deve consultar um médico e relatar as manifestações. A análise dos sintomas somada ao exame físico levanta a hipótese, que deve ser confirmada pelo exame de sangue que avalia a presença do anti-EBV - anticorpos desenvolvidos pelo próprio organismo para combater o agente invasor. A Dra. Marcia reforça que a mononucleose apresenta sintomas muito parecidos com outras infecções agudas, como a citomegalovirose e a toxoplasmose, por exemplo. Portanto, o diagnóstico pode ser obtido apenas com a confirmação pelos testes específicos.
Epstein- Barr tem cura?
A infectologista explica que o Epstein-Barr causa uma doença autolimitada, ou seja, se resolve naturalmente e gera imunidade. “A maioria das pessoas com mononucleose precisa apenas de tratamentos para os sintomas, como uso de antitérmicos e anti-inflamatórios. Apesar de o mal-estar persistir por algum tempo, as demais manifestações costumam desaparecer em uma ou duas semanas. O tempo para retorno às atividades varia para cada pessoa", completa.
Quais complicações o vírus Epstein Barr pode causar?
Além de causar a doença do beijo (mononucleose), o Epstein-Barr também aumenta a probabilidade de desenvolver diferentes alterações.
“Em alguns casos, o sistema imune da pessoa que se infectou previamente pode gerar uma resposta imune inadequada à presença do vírus, causando manifestações que incluem desde condições autoimunes até doenças malignas. Entre as autoimunes estão diabetes tipo 1, esclerose múltipla, lúpus e doença inflamatória intestinal. Já as malignas são linfomas, leucemia e câncer de laringe", detalha a Dra. Marcia Garnica.
A especialista reforça ainda que, nesses casos, o tratamento a ser realizado é específico e dirigido para cada condição. Na esclerose múltipla, alteração causada por uma perda de mielina dos nervos, o EBV pode ser gatilho para uma resposta imune disfuncional, que provoca danos à bainha dos nervos. “Isso significa que a agressão não foi causada pelo vírus, mas sim pela resposta inflamatória a ele. O tratamento baseia-se na interrupção e retardamento do processo imune e deve ser realizado por um neurologista".
Por fim, a médica alerta que não há vacina contra o EBV. Por isso, medidas de higiene são a única forma de prevenir a infecção.
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