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Arritmia cardíaca: sintomas, diagnóstico e tratamentos

Nem toda arritmia cardíaca é doença. Para saber se uma alteração do ritmo do coração é considerada patológica ou não, é importante consultar um arritmólogo
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Dra. Nagela Nunes - Cardiologista Atualizado em 14/03/2024

O ritmo normal do coração, em repouso, varia de 50 a 100 batimentos por minuto (bpm). Quando esses batimentos ficam mais acelerados, mais lentos, descompassados ou irregulares, configura-se um quadro de arritmia cardíaca

Vale dizer que nem toda arritmia é doença, havendo casos que são considerados variantes do normal. Para saber se uma alteração do ritmo é patológica ou não, é importante consultar um cardiologista. 

O que é arritmia cardíaca?

Arritmia cardíaca é qualquer ritmo de batimento cardíaco fora do normal, ou seja: 

  • Ritmos com frequência menor que 50 bpm; 

  • Ritmos com frequência maior que 100 bpm; 

  • Ritmos que, mesmo dentro da faixa de frequência normal, levam a batimentos descompassados ou irregulares. 

Tipos de arritmia cardíaca

As arritmias cardíacas podem ser divididas em dois tipos principais: taquicardias (frequência acima de 100 bpm) e bradicardias (frequência abaixo de 50 bpm). 

As taquicardias ou taquiarritmias são caracterizadas pelo ritmo acelerado, isto é, com batimentos rápidos, sendo eles ritmados ou anárquicos. Alguns exemplos incluem: 

  • Taquicardia sinusal ou atrial; 

  • Fibrilação atrial; 

  • Taquicardia por reentrada no nó atrioventricular; 

  • Taquicardia por reentrada atrioventricular; 

  • Flutter atrial; 

  • Taquicardia ventricular; 

  • Taquicardia juncional. 

As bradicardias ou bradiarritmias correspondem aos batimentos cardíacos lentos. São exemplos desse tipo de arritmia: 

  • Bradicardia sinusal; 

  • Bloqueios atrioventriculares; 

  • Bloqueios sinoatriais; 

  • Ritmo juncional; 

  • Ritmo idioventricular; 

  • Parada sinusal; 

  • Assistolia.  

Sintomas de arritmia cardíaca

As bradicardias podem gerar sintomas como: 

  • Tonturas; 

  • Desmaios; 

  • Quedas recorrentes com traumas físicos. 

As taquicardias, por sua vez, estão associadas às seguintes manifestações: 

  • Palpitação; 

  • Dor no peito

  • Tonturas; 

  • Desmaios; 

  • Sensação de batidas rápidas no pescoço. 

Possíveis causas para arritmia cardíaca

O ritmo normal dos batimentos cardíacos acontece porque um foco específico dentro desse órgão dispara, com uma certa frequência, uma atividade elétrica ritmada e regular. 

Essa atividade elétrica percorre todo o coração e se transforma em energia mecânica, levando à contração do músculo cardíaco, seguida de relaxamento. 

Tanto os ritmos lentos quanto os rápidos podem acontecer em indivíduos normais, dependendo do grau de atividade ou de repouso. 

Por exemplo: é normal a frequência cardíaca aumentar durante a realização de exercícios físicos e o contrário acontecer durante o sono. Essa variação ao longo do dia pode ser absolutamente normal e fisiológica, e, portanto, não causar nenhum sintoma. 

Além disso, o treinamento físico intenso e regular gera ritmos lentos em atletas, o que também é considerado fisiológico e não gera sintomas. 

Porém, há situações em que a arritmia cardíaca é causada por determinadas condições de saúde. 

As taquicardias podem ocorrer quando há: 

  • Hiperatividade de alguns focos dentro do coração estruturalmente normal (o que pode ser causado por aumento dos hormônios tireoidianos em quadros de hipertireoidismo, por exemplo); 

  • Passagens repetidas dos estímulos elétricos em cicatrizes ou locais que diminuem ou bloqueiam os impulsos elétricos (isso pode acontecer após infarto agudo do miocárdio); 

  • Caminhos alternativos para a passagem do estímulo elétrico no coração saudável, presentes desde o nascimento (como na Síndrome de Wolff-Parkinson-White, por exemplo). 

Já as bradicardias em indivíduos idosos estão mais relacionadas a alterações estruturais cardíacas próprias do envelhecimento, que levam a um alentecimento ou bloqueio da condução dos impulsos elétricos dentro do coração, mas também podem ser causadas por algumas doenças como: 

  • Hipotireoidismo; 

  • Infarto agudo do miocárdio; 

  • Miocardite; 

  • Insuficiência cardíaca. 

Há também condições que podem estar associadas tanto a taquicardias quanto às bradicardias, sendo algumas delas: 

  • Câncer e certos tratamentos relacionados ao câncer; 

  • Obesidade; 

  • Diabetes; 

  • Apneia do sono. 

Qual médico devo procurar?

Em caso de dúvidas ou sintomas, o paciente deve passar por uma avaliação médica. 

Tal investigação pode ser feita por um cardiologista geral ou mais comumente por um arritmólogo (cardiologista especializado em arritmias), principalmente se houver sintomas que possam estar relacionados à presença de arritmias como: palpitação, tonturas, desmaios ou até dor no peito. 

Diagnóstico de arritmia cardíaca

Geralmente, a arritmia cardíaca é diagnosticada por meio do eletrocardiograma. Esse exame capta o ritmo dos batimentos cardíacos e a atividade elétrica do coração em repouso. 

Outros exames também podem detectar a condição. No Holter de 24 horas, o paciente utiliza um aparelho portátil para monitorização do ritmo cardíaco durante as suas atividades de rotina ao longo de um dia.  

Além dele, há o teste ergométrico, que consiste em um eletrocardiograma realizado enquanto o indivíduo faz um exercício físico. 

Há ainda aparelhos que vem sendo cada vez mais utilizados como ferramentas diagnósticas de arritmias. É o caso de dispositivos vestíveis, como os relógios do tipo smartwatch, e dispositivos com sensores digitais, como o Kardia. Estes são capazes de registrar uma derivação do eletrocardiograma, sendo especialmente úteis para pessoas com sintomas menos frequentes. 

Formas de tratamento

O tratamento das arritmias cardíacas pode ser feito por meio de: 

  • Tratamento de doenças sistêmicas capazes de causar arritmias (como doenças da tireoide, câncer, obesidade, diabetes, hipertensão e apneia do sono); 

  • Uso de medicamentos anti-arrítmicos; 

  • Implante de marca-passos (cabos ligados a uma bateria, que fará o papel do coração, gerando um ritmo semelhante ao ritmo normal dos batimentos cardíacos); 

  • Implante de desfibriladores (tipos de marca-passo que revertem taquicardias ventriculares, impedindo a evolução dessas arritmias para parada cardíaca e morte súbita); 

  • Técnicas de ablação (tratamento invasivo que utiliza um cateter para alcançar o ponto do coração onde ocorre a arritmia). 

Todo esse arsenal terapêutico ajuda a controlar e, na maioria das vezes, curar grande parte das arritmias que causam sintomas.

Escrito por
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Dra. Nagela Nunes

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