Existem diversas doenças que podem alterar o funcionamento do fígado e, em casos graves, é necessário realizar um transplante hepático para substituir o órgão prejudicado. O Dr. Rodrigo Luz, hepatologista e coordenador do Centro Hepatobiliar do CHN, explica quando tal procedimento é crucial e quais os cuidados pré e pós-operatórios.
Quando o transplante hepático é indicado?
O transplante hepático é necessário quando o fígado fica tão comprometido que não é mais capaz de desempenhar as suas funções vitais. Sem o adequado funcionamento do órgão, o corpo entra em colapso e, como consequência, outros órgãos também ficam prejudicados, como os rins e o cérebro, o que torna a situação clínica do paciente ainda mais grave. Segundo o especialista, os principais sintomas de que está ocorrendo um comprometimento hepático são:
- olhos amarelos (icterícia);
- urina escura (colúria);
- aumento do volume abdominal pelo acúmulo de líquido (ascite);
- sonolência e tremores (encefalopatia hepática).
Alguns exames laboratoriais são essenciais para estimar o grau de perda da função do fígado e avaliam não só se existe indicação de https://chniteroi.com.br/pt/sobre-nos/especialidades-transplante, mas também definem se há urgência.
“Diversas doenças podem resultar em destruição das células do fígado, tornando o órgão incapaz de desempenhar as suas funções. Essas doenças podem ser agudas, como as hepatites virais, medicamentosas, que em poucas semanas evoluem para falência hepática, ou crônicas, como a cirrose hepática, que pode ter diversas causas”, explica o Dr. Rodrigo.
O médico ainda chama a atenção para a campanha Julho Amarelo, mês de conscientização sobre a importância de prevenir e tratar as hepatites virais.
“É importante informar que muitas pessoas com hepatite C e B desconhecem que têm a doença. O diagnóstico é feito por meio de exames de sangue simples e existe tratamento com alta eficácia para a grande maioria dos casos. Outro quadro que merece destaque é a esteatose hepática, conhecida como gordura no fígado. Aproximadamente 30% dos adultos apresentam algum grau de esteatose, que pode ser identificado por meio de ultrassom abdominal. Também existe tratamento para evitar que a esteatose evolua para cirrose ou câncer de fígado”, completa.
Como é o preparo do transplante de fígado?
A primeira coisa é saber qual centro credenciado para transplante existe na sua região. Alguns centros realizam somente transplante em adultos e outros também em crianças.
“O doador pode ser falecido, quando os seus órgãos são ofertados ao centro transplantador pelo programa estadual de transplante, de acordo com a ordem de uma fila única no estado. Também pode ser de forma intervivos, em que um doador voluntário, normalmente o pai ou a mãe do paciente, retira no máximo 70% do próprio fígado para que seja implantado no paciente”, afirma o médico.
Como é a recuperação do paciente?
Depois de receber o novo órgão, o paciente deve permanecer internado por uma ou duas semanas para que a equipe médica monitore a reação do organismo ao fígado transplantado e diminua o risco de rejeição. Para isso, o médico indicará medicamentos imunossupressores que deverão ser ministrados após a alta, durante a recuperação domiciliar.
Quais as possíveis complicações no pós-operatório imediato?
As complicações mais frequentes do pós-operatório são as infecções. Para evitá-las, a equipe médica realiza profilaxia com antimicrobianos rotineiramente e adota medidas preventivas, como as que podem ser oferecidas em centros que contam com uma unidade específica para os pacientes transplantados.
“Nessas unidades, é usada uma série de barreiras que evitam a disseminação de agentes infecciosos, como filtros especiais, controle de pressão e temperatura, além de ter uma equipe multidisciplinar treinada para monitorar o paciente e atuar de forma rápida diante da suspeita de infecção”, conclui.