A hipertensão arterial é uma das doenças mais frequentes no mundo, com estimativa de atingir cerca de 31% da população adulta. Ela traz impactos importantes sobre a saúde e a qualidade de vida dos pacientes em suas consequências graves, como o acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência renal e cardiopatia hipertensiva. Essa condição também aumenta o risco de doenças da aorta e o infarto do miocárdio.
Segundo o Dr. Wolney Martins, diretor do Centro de Ensino, Pesquisa e Inovação (CEPIn) do CHN, a hipertensão é doença crônica e sem cura definitiva na maioria dos casos, sendo essencial o diagnóstico precoce e controle efetivo deste quadro. Entretanto, parte significativa dos pacientes hipertensos estão com níveis de pressão acima do esperado, a chamada “hipertensão arterial resistente". Hoje, estima-se que entre 10% e 20% dos hipertensos sejam "resistentes" ao tratamento, ou seja, se mantém fora das metas sob uso de três medicamentos de tipos diferentes.
"As taxas mais elevadas de hipertensão resistente estão nos países de menor desenvolvimento socioeconômico e são mais comuns em idosos, obesos e afrodescendentes. O aumento da obesidade nas últimas décadas, o envelhecimento progressivo da população e a grande influência da etnia africana tornaram a hipertensão resistente um grave problema de saúde pública no Brasil"
Na maioria das vezes há o diagnóstico equivocado de hipertensão resistente por erros na técnica de aferição da pressão ou pela baixa adesão ao tratamento, seja por falta de acesso aos serviços de saúde, interrupção da medicação ou consumo excessivo de sal, álcool e tabagismo. Medicamentos utilizados para outros fins, como vasoconstrictores nasais, antigripais, anti-inflamatórios e corticoides, também podem elevar a pressão. Em outros casos, o sobrepeso, a obesidade e a apneia obstrutiva do sono auxiliam na elevação da pressão.
Como os tumores das glândulas tireoide e suprarrenal, as doenças sistêmicas e as vasculares podem causar hipertensão, alguns casos precisam de investigação e tratamento especializados com acompanhamento de profissionais experientes e exames de alta complexidade. Para isso, a criação de serviços específicos para investigar e tratar a hipertensão resistente é muito bem-vinda.
Instituto Cardiovascular do CHN cria serviço especializado em hipertensão resistente
Recentemente, o CHN, através do Instituto Cardiovascular (ICV), deu início ao atendimento focado em pacientes hipertensos resistentes. Contando com equipe multidisciplinar, incluindo cardiologistas, endocrinologistas, clínicos e nutricionistas, o espaço realiza o acompanhamento do paciente para atingir a chamada “hipertensão resistente controlada", um novo conceito trazido pelo posicionamento da Sociedade Brasileira de Cardiologia, publicado em 2020.