A endocardite é uma doença cardíaca rara e grave que acomete especialmente as válvulas cardíacas. Com o envelhecimento da população e o aumento do uso de dispositivos como marcapassos, desfibriladores e próteses cardíacas, essa doença vem se tornando cada vez mais prevalente na sociedade.
Em geral, ela é ocasionada por uma infecção bacteriana, mas também pode ter causas não-infecciosas. É uma condição grave e com elevada taxa de mortalidade entre os pacientes acometidos, por isso, o diagnóstico correto e rápido é fundamental ao tratamento. Veja a seguir mais informações sobre essa doença e quais as formas de tratamento.
Endocardite: o que é?
A endocardite é uma inflamação do endocárdio, como é chamada uma das camadas do coração, na sua porção interna e válvulas.
Geralmente, a endocardite acontece em indivíduos que tem alguma doença cardíaca (doença das válvulas do coração ou próteses cardíacas, por exemplo), mas também pode acontecer em pessoas com o coração normal.
A doença se inicia após um episódio de bacteremia, que é a passagem de bactérias para o sangue, fenômeno que pode acontecer, por exemplo, após procedimentos odontológicos como extrações dentárias ou até durante a escovação e uso de fio dental no dia a dia.
A endocardite é uma doença muito grave, pois pode afetar o funcionamento das válvulas do coração e levar à necessidade de internação hospitalar e cirurgia cardíaca de emergência.
É importante diferenciar a endocardite da pericardite (doença que acomete o tecido pericárdico, que reveste o coração); e da miocardite (que acomete o músculo cardíaco, chamado de miocárdio).
Tipos de endocardite
A endocardite tem algumas classificações, veja abaixo:
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Aguda: evolui de forma rápida e potencialmente fatal, podendo levar ao colapso de outros órgãos. Necessita de cirurgia de emergência e pode levar à morte.
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Subaguda: apresenta sintomas de forma gradual, que podem persistir por mais de um ano, se confundindo com outras doenças.
Há ainda um outro tipo de endocardite, menos comum, que é a não-infecciosa – ou seja, que não é provocada por nenhum patógeno. Nesse caso, a inflamação do endocárdio pode ser a manifestação secundária de outras doenças, como lúpus eritematoso sistêmico ou câncer.
Como ocorre a transmissão da endocardite?
No caso da endocardite infecciosa, que é o tipo mais prevalente, ela geralmente é causada por bactérias ou fungos que entram na corrente sanguínea e se alojam nas válvulas cardíacas ou em outras áreas do coração e passam a se multiplicar ali.
A endocardite não possui um meio de transmissão. Atualmente, sabe-se que lesões na boca (como afta, úlcera ou até inflamações nas gengivas) e até o uso de piercings na boca ou na língua podem facilitar a entrada desses microrganismos (que, muitas vezes, já vivem na microbiota do nosso corpo, mas de forma harmônica) na corrente sanguínea e levar ao quadro.
Também por isso, devemos ter atenção especial à saúde bucal e da pele, e os pacientes com predisposição à doença (como pessoas com problemas cardíacos) devem ser orientados por seu médico para manter bons hábitos de higiene e consultas regulares ao dentista.
Sintomas da endocardite
Os sintomas da endocardite podem variar dependendo da sua gravidade e podem ser facilmente confundidos com os de outras doenças. É comum haver febre, fadiga e perda de peso não-intencional, mas ela também pode causar uma série de outros sintomas:
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Sudorese noturna;
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Dor no peito;
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Falta de ar;
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Tosse;
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Dor nas articulações;
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Presença de manchas roxas na pele.
Se não tratada corretamente, a endocardite pode levar a graves complicações, como insuficiência cardíaca, embolia pulmonar, isquemia dos membros do corpo, sepse grave, AVC (acidente vascular cerebral) e ataque cardíaco.
Qual médico procurar?
Todo médico é capaz de fazer o diagnóstico de endocardite. Porém, por se tratar de uma doença grave, após o diagnóstico, os cuidados devem ser conduzidos por um time de médicos composto por várias especialidades, principalmente por cardiologistas e infectologistas -- mas pode ser necessária avaliação de neurologistas, nefrologistas, radiologistas, cirurgiões cardíacos e vasculares, dentre outras especialidades.
Como é o diagnóstico da endocardite?
O diagnóstico da endocardite envolve a realização de exames de sangue (como o de hemocultura, para detectar a presença de bactérias) e de imagem, como ecocardiograma e tomografia do coração. O objetivo é identificar a bactéria que está causando a infecção para fazer o tratamento direcionado a ela e avaliar as repercussões da doença no coração e em outros órgãos.
Formas de tratamento para a endocardite
O tratamento para endocardite envolve o uso de medicamentos para combater a infecção, sendo geralmente necessária a administração de antibióticos de forma intravenosa em ambiente hospitalar por períodos prolongados, em média 4-6 semanas.
Por fim, em quadros mais graves e que não respondem ao uso de remédios, a cirurgia para reparar ou substituir válvulas cardíacas danificadas pode ser indicada.