Procedimento substitui um fígado doente por outro saudável, proporcionando uma nova chance de vida para pacientes
O transplante de fígado é um procedimento essencial para salvar vidas de pacientes com doenças hepáticas graves, como cirrose, hepatite e câncer de fígado. Segundo dados da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos), foram realizados 2.365 transplantes de fígado no Brasil em 2023, um número significativo que reflete a importância desse procedimento para o tratamento de condições em estágio avançado.
Mas como funciona esse processo? Quem pode se submeter a ele? E o que esperar durante a recuperação? Visando responder essas e outras perguntas, te convidamos a continuar a leitura.
Transplante de fígado: como funciona?
O transplante de fígado é um procedimento complexo e demorado, com duração de cinco a oito horas. Durante a cirurgia, o cirurgião faz uma incisão no abdômen para remover o fígado doente e, em seguida, implantar o órgão doado. Além da substituição do fígado, é necessário reconectar as veias, artérias e a via biliar, responsáveis pelo fluxo sanguíneo e transporte de bile no corpo.
Após a cirurgia, o paciente é encaminhado para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva), onde será monitorado de perto para detectar possíveis complicações no período pós-operatório. Se não houver problemas, o paciente é transferido para o quarto, onde continuará sua recuperação por cerca de duas semanas.
Quando o transplante é necessário?
O transplante de fígado se torna necessário quando certas doenças hepáticas evoluem de maneira tão severa que o órgão perde sua capacidade de funcionar adequadamente. Nesses casos, o fígado pode entrar em falência, e o transplante surge como a única solução viável para salvar a vida do paciente e garantir que ele continue suas atividades com qualidade. As causas mais comuns que levam à necessidade de um transplante incluem:
· Cirrose hepática: geralmente causada pelo consumo excessivo de álcool, hepatite viral crônica (especial hepatite B e C) ou doenças hepáticas metabólicas e autoimunes.
· Câncer de fígado: em alguns casos, especialmente quando o câncer não pode ser tratado com cirurgia de ressecção, o transplante é a melhor opção.
· Hepatite fulminante: também chamada de insuficiência hepática aguda, trata-se de uma condição súbita e grave, em que o fígado perde rapidamente a capacidade de funcionar, geralmente em dias ou semanas. Como os sintomas se desenvolvem de forma rápida, essa condição exige intervenção médica imediata, e o transplante de fígado pode ser a única opção de sobrevivência.
· Hepatite medicamentosa: caracterizada por uma agressão às células do fígado provocada de forma direta ou indireta por alguns remédios.
Vale destacar que o transplante de fígado só é considerado quando todas as outras opções de tratamento já foram esgotadas e a vida do paciente está em risco.
Quais especialistas realizam a cirurgia de transplante de fígado?
A cirurgia de transplante de fígado pode ser realizada por um clínico geral, um gastroenterologista, um hepatologista ou um cirurgião especializado em transplantes. Para a realização do procedimento, o Complexo Hospitalar de Niterói é reconhecido como um centro de excelência em transplantes no estado do Rio de Janeiro, liderando o volume de procedimentos entre os hospitais privados da região Norte-Leste Fluminense.
Sua Unidade de Transplantes conta com 26 leitos equipados com alta tecnologia para minimizar riscos de contaminação, além de 15 leitos destinados à terapia infusional no pré e pós-transplante. O CHN oferece um suporte multidisciplinar especializado no acompanhamento do pré e pós-operatório para garantir a segurança e qualidade de vida dos pacientes.
Como funciona a doação do fígado?
A doação de fígado pode acontecer de duas maneiras: por um doador vivo ou por um doador falecido.
No caso de um doador vivo, o fígado tem a capacidade única de se regenerar, permitindo que uma parte do órgão seja removida e transplantada para outra pessoa. Para isso, o voluntário passa por exames rigorosos para garantir que está saudável e compatível com o receptor.
Após a cirurgia, tanto o doador quanto o receptor precisam de um período de recuperação para que o fígado se regenere corretamente. Esse tipo de doação é mais comum entre familiares e, segundo especialistas, apresenta taxas de sucesso semelhantes ou até superiores ao transplante de órgãos de doadores falecidos.
Já no caso de um doador falecido, a doação ocorre quando a pessoa é diagnosticada com morte cerebral, e a família autoriza a doação dos órgãos. Os receptores são selecionados a partir de uma lista única gerenciada por programas estaduais de transplante, que seguem critérios específicos para definir quem receberá o órgão. No Brasil, o SNT (Sistema Nacional de Transplantes) é responsável por coordenar e regulamentar o processo de doação e transplante de órgãos.
Como é a preparação para o transplante de fígado?
A preparação para um transplante de fígado envolve várias etapas essenciais para garantir o sucesso da cirurgia.
Em primeiro lugar, o paciente passa por uma avaliação abrangente, com uma série de exames detalhados para determinar se está apto para a cirurgia. Esses exames avaliam a condição geral de saúde e a gravidade da doença hepática, garantindo que o paciente esteja preparado para enfrentar o processo cirúrgico.
Em seguida, inicia-se a busca por um doador. O paciente pode ser colocado na lista de espera para receber um fígado de um doador falecido ou, em alguns casos, pode contar com um doador vivo.
Outro passo fundamental é a realização de testes de compatibilidade. A compatibilidade entre o doador e o receptor é fundamental para minimizar as chances de rejeição e garantir que o transplante seja bem-sucedido. Essa compatibilidade é verificada por meio de exames específicos que avaliam, entre outros fatores, o tipo sanguíneo e a saúde geral do fígado a ser transplantado.
Como é a recuperação após o transplante de fígado?
A recuperação após um transplante de fígado é uma fase fundamental para garantir o sucesso do procedimento e a saúde do paciente. Durante esse período, são tomadas medidas rigorosas para evitar complicações e promover a adaptação do novo órgão ao corpo.
· Medicação imunossupressora: após a cirurgia, o paciente deve tomar medicamentos que suprimem o sistema imunológico. Isso é essencial para evitar que o corpo reconheça o fígado transplantado como um corpo estranho e tente rejeitá-lo.
· Monitoramento constante: exames regulares são realizados para acompanhar o funcionamento do novo fígado. Esses exames permitem detectar qualquer sinal de rejeição ou complicações pós-operatórias de forma precoce, garantindo intervenções rápidas quando necessário.
· Reabilitação: a recuperação inclui não apenas o repouso, mas também a reabilitação física e nutricional. Orientações sobre alimentação e exercícios físicos são oferecidas para que o paciente possa gradualmente retomar suas atividades normais e melhorar sua qualidade de vida.
· Consultas ambulatoriais: além dos exames, o paciente participa de consultas ambulatoriais periódicas, essenciais para o acompanhamento da recuperação e ajuste da medicação. Essas consultas garantem o acompanhamento médico contínuo para avaliar a adaptação ao novo fígado.