
Uma condição silenciosa que afeta milhões de brasileiros e exige atenção constante para uma vida longa e saudável.
Você sai do consultório com um termo novo na cabeça: hipertensão arterial sistêmica. O médico mencionou que sua "pressão está alta", mas o que isso realmente significa para sua rotina, sua saúde e seu futuro? Entender essa condição é o primeiro passo para gerenciá-la com sucesso.
O que é exatamente a hipertensão arterial sistêmica?
Pense nas artérias do seu corpo como as mangueiras de um jardim. O sangue, bombeado pelo coração, flui por elas para nutrir todos os órgãos. A pressão arterial é a força que esse sangue exerce contra as paredes das artérias a cada batida do coração.
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) ocorre quando essa pressão se mantém elevada de forma persistente. Não se trata de um aumento pontual, causado por um susto ou esforço físico, mas de uma condição crônica que força o coração a trabalhar mais e danifica os vasos sanguíneos ao longo do tempo.
É importante notar que a hipertensão arterial é a doença crônica mais comum em todo o mundo, e muitas vezes sua causa exata não é identificada. Além disso, a pressão alta é considerada uma síndrome, um conjunto de sinais e sintomas com diferentes origens que levam à elevação da pressão sanguínea.
Essa pressão é medida em duas cifras:
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Pressão sistólica (o número maior): mede a pressão nas artérias quando o coração se contrai (bate).
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Pressão diastólica (o número menor): mede a pressão nas artérias quando o coração relaxa entre as batidas.
Por que a hipertensão é considerada uma "doença silenciosa"?
Este é um dos aspectos mais perigosos da HAS. A grande maioria das pessoas com pressão alta não sente absolutamente nada. A doença pode progredir por anos sem apresentar qualquer sintoma, enquanto danifica silenciosamente órgãos vitais como coração, cérebro, rins e olhos.
De fato, a pressão alta é um risco silencioso, capaz de prejudicar órgãos importantes como o coração e os rins por muitos anos sem que a pessoa perceba, antes mesmo que os sintomas apareçam.
Em casos de crises hipertensivas, quando a pressão sobe de forma abrupta e severa, alguns sinais podem aparecer. No entanto, eles não são exclusivos da HAS e não devem ser usados como único parâmetro para buscar ajuda.
Sintomas de pressão muito alta podem incluir:
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Dores de cabeça, especialmente na nuca;
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Tonturas ou visão turva;
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Zumbido no ouvido;
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Dores no peito;
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Falta de ar.
A ausência de sintomas reforça a importância de medir a pressão arterial regularmente, mesmo que você se sinta perfeitamente bem. É a única maneira de diagnosticar a condição precocemente.
Quais fatores aumentam o risco de desenvolver hipertensão?
A hipertensão é uma condição multifatorial, ou seja, resulta da interação de diversos fatores genéticos e de estilo de vida. Eles podem ser divididos em duas categorias.
Fatores de risco não modificáveis
Estes são aspectos que não podemos mudar, mas que exigem maior atenção à prevenção:
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Histórico familiar: ter pais ou parentes próximos com hipertensão aumenta significativamente o risco.
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Idade: o risco de desenvolver pressão alta aumenta com o envelhecimento, sendo mais comum a partir dos 40 anos.
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Etnia: pessoas negras têm maior predisposição à hipertensão e a formas mais graves da doença.
Fatores de risco modificáveis
Aqui estão os hábitos e condições que você pode mudar para prevenir ou controlar a pressão alta:
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Sobrepeso e obesidade: o excesso de peso corporal força o coração a trabalhar mais para bombear o sangue.
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Sedentarismo: a falta de atividade física regular contribui para o ganho de peso e a rigidez das artérias.
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Consumo excessivo de sal: o sódio, presente no sal de cozinha e em alimentos industrializados, favorece a retenção de líquidos, aumentando a pressão.
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Dieta inadequada: baixo consumo de frutas, vegetais e alimentos ricos em potássio.
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Consumo de álcool: a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas eleva a pressão arterial.
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Tabagismo: as substâncias do cigarro danificam as paredes das artérias e as tornam mais estreitas.
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Estresse crônico: a liberação contínua de hormônios do estresse pode afetar a pressão arterial.
Quais são as principais complicações da pressão alta não controlada?
Quando a pressão arterial permanece alta por muito tempo, ela age como uma força constante agredindo o sistema circulatório. Essa agressão contínua leva a consequências graves, que são as verdadeiras vilãs da doença.
A pressão alta é um fator de risco cardiovascular crucial, que pode desencadear doenças graves no coração, cérebro e rins, elevando o risco de adoecer e de morrer.
As principais complicações incluem:
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Infarto agudo do miocárdio: o dano às artérias coronárias pode levar ao bloqueio do fluxo de sangue para o coração.
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Acidente vascular cerebral (AVC): a pressão alta pode causar o rompimento de um vaso no cérebro (AVC hemorrágico) ou facilitar a formação de coágulos que o obstruem (AVC isquêmico).
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Insuficiência cardíaca: o coração, sobrecarregado, pode perder sua capacidade de bombear sangue eficientemente.
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Doença renal crônica: os pequenos vasos dos rins são danificados, comprometendo a capacidade de filtrar o sangue, o que pode levar à necessidade de diálise.
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Lesões na retina: a pressão elevada pode danificar os vasos sanguíneos dos olhos, causando perda de visão.
Como é possível controlar e tratar a hipertensão?
O controle da hipertensão arterial é um compromisso para toda a vida e se baseia em dois pilares fundamentais: mudanças no estilo de vida e, quando necessário, tratamento medicamentoso. O objetivo é manter a pressão em níveis seguros e prevenir as complicações.
Mudanças no estilo de vida
Para muitas pessoas com pré-hipertensão ou hipertensão estágio 1, a adoção de hábitos saudáveis pode ser suficiente para controlar a pressão. As medidas mais eficazes são:
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Alimentação saudável: priorizar uma dieta rica em frutas, vegetais, grãos integrais e laticínios com baixo teor de gordura.
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Redução do sódio: diminuir o consumo de sal e evitar alimentos processados, embutidos e enlatados.
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Prática regular de atividade física: a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda pelo menos 150 minutos de exercício moderado por semana.
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Controle do peso: manter um peso corporal adequado para sua altura.
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Moderação no consumo de álcool: limitar a ingestão conforme orientação médica.
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Cessação do tabagismo: parar de fumar é uma das medidas mais importantes para a saúde do coração.
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Gerenciamento do estresse: buscar atividades relaxantes como meditação, ioga ou hobbies.
Acompanhamento médico e medicamentos
O acompanhamento regular com um cardiologista ou clínico geral é essencial. O profissional irá monitorar seus níveis de pressão e, se as mudanças no estilo de vida não forem suficientes, poderá prescrever medicamentos anti-hipertensivos.
É fundamental tomar a medicação exatamente como prescrito, sem interromper o tratamento por conta própria, mesmo que a pressão se normalize. A hipertensão é uma doença crônica que exige controle contínuo.
É importante destacar que a hipertensão arterial é uma condição de saúde que exige atenção contínua e o constante aprimoramento do cuidado ao paciente, impulsionado pela pesquisa científica.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.




