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Corpo e Mente

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Anorexia entre jovens: como tratar?

Distúrbio é causado pela forma como os adolescentes enxergam o corpo e lidam com ele
MQ
Dra. Marcely Quirino - Psicóloga Atualizado em 27/01/2021

A anorexia nervosa – também conhecida como anorexia – é um transtorno alimentar que se caracteriza pela necessidade extrema de perder peso e emagrecer provocada por uma aversão ao sobrepeso. Em grande parte dos casos, acomete as meninas, que enxergam seus corpos de maneira distorcida e, assim, julgam estar fora dos padrões de beleza.

Quando um jovem tem a doença, ele começa a não ingerir determinados alimentos por acreditar que engordam e come cada vez menos. Inicialmente sente fome ao diminuir as porções ou pular as refeições, mas, com o tempo, se acostuma a comer cada vez menos. Apesar de perder até mesmo massa muscular, ainda crê no fato de que precisa emagrecer. 

Esse pensamento do adolescente, de que pode estar fora dos padrões de beleza, e a forma como avalia a autoimagem fazem com que ele sinta culpa, medo, depressão e irritação, o que afeta seu estado psicológico. Os sinais começam a se manifestar na fase da adolescência ou, de forma um pouco mais discreta, em crianças entre 9 e 10 anos. As condições para desencadear o distúrbio podem estar associadas à saúde psicológica, genética, realidade sociocultural ou biológica.

Segundo Marcely Quirino, psicóloga do CHN, “As comparações estão altamente relacionadas com uma sociedade midiática e com postagens nas redes sociais de corpos perfeitos que vangloriam a estética magra, uma hipervalorizarão do corpo, que também pode estar ligada ao estilo de vida, à carreira e à profissão, mas, no caso da anorexia, existe uma prevalência importante associada à depressão e à ansiedade. E o transtorno tem um agravante quando a criança ou a adolescente fica com um índice de massa corpórea (ICM) abaixo do esperado para a idade. Por isso, quanto antes o diagnóstico for fechado, melhor para a recuperação do paciente", explica. 

Como detectar a anorexia nos jovens?

Mudanças no comportamento de um jovem adolescente são percebidas durante o relacionamento com os familiares e amigos. Em casa, uma ocasião importante para perceber tais alterações é na hora das refeições, em que dá para notar a maneira como o filho está se alimentando. Também é possível identificar, sobretudo durante as conversas menos formais, se tal atitude é apenas temporária, é a repetição de comportamentos de amigos ou se é o início do distúrbio.

Muitas vezes, as crianças não gostam de alguns alimentos ou até mesmo não querem parar nos horários das refeições para simplesmente continuar a brincadeira. É importante ressaltar também que as crianças que sofreram algum abuso na infância e tiveram dificuldade de adaptação nesse período têm mais propensão a desenvolver o problema na adolescência. Nessa situação, elas começam a evitar alguns produtos para manter um padrão de beleza aceito pelos amigos.

Confira indicativos que podem demonstrar comportamentos ligados ao quadro de anorexia:

  • timidez e inibição social;
  • uso rotineiro de laxantes e/ou diuréticos;
  • vontade irredutível de ficar magro;
  • preocupação obsessiva com comida, calorias ou local em que sem compram alimentos;
  • perfeccionismo;
  • depressão;
  • rejeição de alimentos que engordam;
  • escolha de poucos alimentos que engordam;
  • não se sente à vontade para comer na frente dos outros;
  • busca extrema por exercer atividades físicas;
  • inquietação ou hiperatividade;
  • dificuldade para dormir;
  • inflexibilidade e pouca capacidade de aceitar mudanças;
  • resistência ao tratamento.

Quais são os fatores de risco?

Pessoas que apresentam sintomas de ansiedade, depressão e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) são as mais propensas a desenvolver a anorexia. Outros fatores também podem contribuir para esse estado:

  • situações de grande estresse, como separação, luto ou perda de emprego;
  • distúrbios emocionais;
  • sexo feminino na fase da adolescência ou juventude;
  • família que também exibe transtornos alimentares;
  • profissões que estimulam a magreza;
  • maus hábitos alimentares;
  • baixa autoestima.

É possível prevenir?

Embora não seja possível prevenir o desencadeamento do distúrbio, uma família que pratica algumas ações pode beneficiar a saúde mental de todos, inclusive das crianças e dos adolescentes. Isso torna o ambiente de desenvolvimento mais saudável, inclusive para lidar com as transformações do próprio corpo na adolescência. Confira a seguir algumas dicas: 

  • opte por uma boa alimentação e pratique atividades físicas de forma correta, sem exageros;
  • dialogue com os jovens em casa sobre as naturais mudanças do corpo na adolescência;
  • converse sobre distúrbios alimentares;
  • elogie e valorize os talentos dos adolescentes;
  • perceba a reação dos filhos em momentos de estresse e ofereça apoio.

Marcely ainda explica que “para cuidar, é preciso manter o equilíbrio entre as áreas da vida, nas relações e na relação com o outro, mas quando se fala de criança e adolescente, fala-se de comportamento familiar. Hábitos totalmente ligados à família, aos amigos, às pessoas próximas e aos ambientes de convívio. Nesse caso, é importante perceber os detalhes, estar próximo e manter o diálogo, assim como notar mudanças de comportamento como, nesse caso, a rotina alimentar", reforça.

Qual o tratamento para o distúrbio alimentar?

Primeiro será necessária uma avaliação médica e psiquiátrica em conjunto para averiguar o contexto médico. Se o paciente não apresenta risco de morte, o tratamento pode ser feito de forma ambulatorial, com psicoterapia, reabilitação nutricional e medicamentos.

De acordo com a psicóloga, a psicoterapia em relação ao paciente com esse transtorno é fundamental porque quebra um ciclo de regras rígidas e obsessivas e traz à consciência o que realmente está acontecendo. No CHN, haverá o tratamento da criança ou do adolescente no estado crítico da doença e no dano físico do paciente, ou seja, ele terá um atendimento multidisciplinar. O quanto antes for reconhecido o padrão de comportamento da criança ou do adolescente, melhor o resultado do tratamento.

Escrito por
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Dra. Marcely Quirino

Psicóloga
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