Recentemente, a nossa vida tem sido marcada por diversas mudanças, o que tem gerado um profundo impacto na forma como nos percebemos como sociedade e como pessoas. Isso possibilitou vermos o quanto as relações interpessoais são valiosas e como a interação, mesmo para os mais reclusos, interfere na saúde emocional. Os brasileiros, por exemplo, são pessoas afetuosas, marcadas culturalmente pelo hábito do toque, do abraço, do aperto de mão e da conversa animada. Por isso o distanciamento social, necessário, refletiu no bem-estar da população. Esse período provocou também a possibilidade de reconhecer a importância dos relacionamentos para uma vida saudável.
Como o amor contribui para a saúde mental e física?
As relações sociais são formadas pela diversidade e ajudam as pessoas a se tornarem mais fortes e seguras nos momentos de adversidade, sobretudo em eventos de grande impacto emocional. Esse contato com os familiares e as grupos de amigos contribui para a prevenção de doenças relacionadas com a saúde mental, como ansiedade, estresse, medo e depressão. A interação motiva os projetos, traz senso de pertencimento e colabora até mesmo com a maneira como cuidamos do nosso corpo.
Esses relacionamentos saudáveis – como os afetivos (paixão), os familiares, as amizades e os vínculos profissionais – fornecem informações, auxiliam o autoconhecimento e geram prazer, conforto e satisfação. Em cada fase do desenvolvimento humano existem formas de influência social e emocional. Além disso, as pessoas que se mantêm socialmente isoladas tendem a ser solitárias e, como consequência, a sua saúde física e psicológica pode sofrer prejuízos.
Alguns motivos para investir nos bons relacionamentos
Seja benefícios imediatos e mudanças no corpo diante de uma nova paixão, seja a manutenção de casamentos, vínculos familiares, ciclos de amizade e boas relações profissionais, tudo isso fortalece a saúde como um todo. Confira como a seguir.
Diminui o estresse
O amor libera um hormônio chamado oxitocina, que inibe o cortisol, o hormônio do estresse. O mecanismo funciona da seguinte maneira: quando alguém está perto de quem gosta, a oxitocina é ativada, ou seja, quanto mais ficamos perto de quem gostamos, maior é a quantidade desse hormônio circulando pelo corpo.
Controla a pressão arterial
Um abraço favorece a melhor manutenção da pressão arterial. A sensação de acolhimento acalma a circulação sanguínea. Apesar disso, não deixe os medicamentos de lado!
Aumenta a sensação de segurança
Saber que se pode contar com alguém amplia a confiança e diminui a ansiedade, além de melhorar a autoestima. Valorize quem faz parte da sua vida!
Alegria sempre por perto
A oxitocina e a dopamina proporcionam mais felicidade. Quando as pessoas estão perto de quem amam, sorriem mais, sentem-se mais dispostas e a vida fica mais leve.
Faz bem ao coração
As pessoas que têm relacionamentos saudáveis e não tóxicos por perto sentem-se determinadas e alegres, pois a companhia proporciona mais calma, o que contribui para a saúde do coração.
Afasta a depressão
Por meio do convívio social, como o namoro e diversas outras relações interpessoais, há uma preocupação maior em manter uma boa alimentação, o cuidado com a aparência e o aumento da autoestima. Com isso, as pessoas sentem-se mais seguras para ter projetos e conversar sobre eles, o que reduz os níveis de ansiedade e evita a depressão. Muito embora pessoas que vivam em grupos possam também passar por esses problemas, é sempre importante contar com a percepção e a ajuda de quem está por perto.
Como desenvolver bons relacionamentos?
Segundo Marcely Quirino, psicóloga do CHN, criar bons relacionamentos é aprender com as relações tóxicas e de dependência. É olhar para as histórias afetivas que não deram certo e usá-las como um filtro, avaliando o que funcionou e o que não foi bom, e entender como é possível criar uma vivência diferente com outras pessoas. Que as relações sejam de troca e de crítica construtiva, que se entenda que as pessoas não são iguais, que precisam se complementar, e não ser dependentes umas das outras.
Qual o impacto do distanciamento social durante a pandemia na vida das pessoas?
“Houve a ainda há muita repercussão nas emoções, na maneira como cada um se relacionou ou se relaciona atualmente. Hoje a nossa maior rede relacional é por meio da internet, na qual aprendemos a construir um vínculo. As pessoas almoçam com alguém, choram, sorriem olhando para a tela, fazem cursos, psicoterapia, tudo pela internet. É virtual, mas real. A pandemia também trouxe aprendizado, inovação e empreendimento. Algo novo que nos ensinou a enxergar a vida de outra forma", explica a psicóloga.